14 de jan. de 2009

As aparências enganam

Num orfanato, igual a tantos outros que enxameiam por toda parte, havia uma pobre órfã, de oito anos de idade.
Era uma criança lamentavelmente sem encantos, de maneiras desagradáveis, evitada pelas outras, e francamente malquista pelos professores.
Por essa razão, a pobrezinha vivia no maior isolamento. Ninguém para brincar, ninguém para conversar...
Sem carinho, sem afeto, sem esperança... Sua única companheira era a solidão.
O diretor do orfanato aguardava ansioso uma desculpa legítima para livrar-se dela.
E um dia apresentou-se, aparentemente, uma boa desculpa. A companheira de quarto da menina informou que ela estava mantendo correspondência com alguém de fora do orfanato, o que era terminantemente proibido.
- Agora mesmo, disse a informante, ela escondeu um papel numa árvore.
O diretor e seu assistente mal puderam esconder a satisfação que a denúncia lhes causara.
Vamos tirar isso a limpo agora mesmo, disse o superior.
E, somando-se ao assistente, pediu para que a testemunha do delito os acompanhasse a fim de lhes mostrar a prova do crime.
Dirigiram-se os três, a passos rápidos, em direção à árvore na qual estava colocada a mensagem.
De fato, lá estava um papel delicadamente colocado entre os ramos.
O diretor desdobrou, ansioso, o bilhete, esperando encontrar ali a prova de que necessitava para livrar-se daquela criança tão desagradável aos seus olhos.
Todavia, para seu desapontamento e remorso, no pedaço de papel um tanto amassado, pôde ler a seguinte mensagem:
"A qualquer pessoa que encontrar este papel: eu gosto de você."
Os três investigadores ficaram tão decepcionados quanto surpresos com o que leram.
Decepcionados porque perderam a oportunidade de livrar-se da menina indesejável, e surpresos porque perceberam que ela era menos má do que eles próprios.

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Muitas vezes julgamos as pessoas pelas aparências, embora saibamos que estas são enganadoras. E o pior é que, se as aparências não nos agradam, marcamos a pessoa e nos prevenimos contra ela e suas atitudes. Uma antiga e sábia oração dos índios Siuox, roga a Deus o auxílio para nunca julgar o próximo antes de ter andado sete dias com as suas sandálias. Ou seja, antes de criticar, julgar e condenar uma pessoa, devemos nos colocar no seu lugar e entender os seus sentimentos mais profundos; aqueles que talvez ela queira esconder de si mesma, para proteger-se dos sofrimentos que a sua lembrança lhe causaria.

4 comentários:

  1. Infelizmente ainda existem pessoas assim.

    Vim agradecer sua presença no meu espaço,obrigada,espero poder contar mais vezes com ela,serás bem vinda.

    Boa noite.

    bjs.

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  2. Nossa, que texto lindo!
    Realmente é para parar e pensar...
    Infelizmente textos assim são brevemente esquecidos, o que me faz querer ler os mesmos textos de tempos em tempos pra manter fresco esse pensamento, até que automáticamente faça parte do dia a dia...

    E obrigada pelo comentário lindo que deixou no meu blog! Me senti lisongeada com suas palavras!
    Voltarei mais vezes... Vou te linkar no meu blog pra facilitar, ok??

    Bjão!

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  3. Muito interessante esta história. Justamente para nos enganar é que os vigaristas e ladrões se passam por pessoas distintas mantendo uma ótima aparência.
    Temos que ver o que está por trás das aparências.
    Vim conhecer seu blog por meio do seu comentário no simplesmente iza.

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  4. Lisi, eu tenho este defeito mas, estu querendo consertar. Julgo pelas aparências emuitas vezes me dei mal mas estou aprendendo a melhorar lendo pessoas como você!
    Um beijo!

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